Ansiedade e depressão: como começam, o que elas têm em comum, e como a terapia pode ajudar.
- Rafaela Sampaio Marques

- 4 de fev. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de fev. de 2024
Descobrir as similaridades entre elas pode ajudar você a romper o círculo vicioso da ansiedade ou da depressão.

Sentir um pouco de ansiedade em situações novas, de avaliação ou de risco, ou se sentir um pouco deprimido(a) em situações frustrantes, é normal e faz parte da vida. No entanto, viver refém da ansiedade ou da depressão torna muito pesado o dia a dia de quem convive com essas condições.
Por isso, entender como elas surgem, o que ambas têm em comum e quais são os pilares da terapia comportamental para tratá-las pode ajudar você a ter atitudes que interrompam a evolução do quadro ansioso ou depressivo.
Vale ressaltar que a ansiedade excessiva e a depressão podem iniciar de maneiras diferentes, entretanto, as descrições a seguir são as mais comuns na clínica.
COMO A ANSIEDADE EXCESSIVA COMEÇA
A ansiedade excessiva funciona como um círculo vicioso. Quando você evita uma situação que lhe causa ansiedade – mesmo sem perceber que está fazendo isso –, você sente um alívio imediato na intensidade dos sintomas, mas também ocorrem duas consequências: você aprende a evitar essa situação e reforça a ansiedade.
A partir daí, o círculo da ansiedade excessiva se fecha: você tenderá a fugir cada vez mais da situação temida e de outras similares e, quanto mais você fugir, mais intensos serão os sintomas de ansiedade nas próximas vezes. Ou seja, evitar é um caminho que não resolve o problema e ainda pode agravá-lo.
COMO A DEPRESSÃO COMEÇA
A depressão também funciona como um círculo vicioso. Quando você está em uma situação frustrante, passa vários dias se sentindo triste e sem vontade de fazer nada, e então você começa a evitar a vida – deixando de ir a encontros com os amigos, faltando ao trabalho ou parando de se dedicar aos seus hobbies –, você dificulta que coisas boas aconteçam na sua vida e revertam essa sua tristeza.
A partir daí, o círculo da depressão se fecha: você tenderá a não se engajar em atividades por se sentir mal e continuará se sentindo mal por não se engajar em atividades.
O QUE A ANSIEDADE E A DEPRESSÃO TÊM EM COMUM
Ambas são estados emocionais mantidos por um padrão de evitação.
Isso quer dizer que é o fato de você começar a evitar determinadas situações que faz com que a ansiedade excessiva ou a depressão comece; e, enquanto você permanecer evitando essas situações, você provavelmente continuará sentindo os sintomas da ansiedade excessiva ou da depressão.
Além disso, a ansiedade excessiva e a depressão podem ser momentos diferentes do mesmo fenômeno: a ansiedade ocorrendo num primeiro momento e a depressão ocorrendo num segundo momento.
Ou seja, no início, você se desgasta planejando e executando estratégias de fuga das situações desagradáveis, sentindo vez ou outra os sintomas da ansiedade excessiva. No entanto, com o passar do tempo, a sua vida vai ficando mais limitada – já que você passa a evitar cada vez mais diferentes tipos de situações – e você vai se cansando de viver refém dessas estratégias de fuga, passando a se sentir deprimido(a) e desconectado(a) da vida.
COMO A TERAPIA COMPORTAMENTAL PODE AJUDAR
O papel da terapia comportamental é facilitar que você consiga romper o círculo vicioso da ansiedade ou da depressão.
Para isso, a terapia foca em cinco pilares, mas é esperado que você perceba pequenas melhoras desde o início do tratamento.
1. Diagnóstico
Ajudar você a enxergar qual é a raiz do seu sofrimento e o que está mantendo esse sofrimento no presente. Isso porque descobrir quais são as causas da sua ansiedade ou da sua depressão, na sua história particular e única, e descobrir qual é papel delas na sua vida é fundamental para nortear o tratamento.
2. Plano
Ajudar você a enxergar quais são as estratégias mais eficazes para você conseguir as mudanças que deseja. A escolha das estratégias depende do diagnóstico da sua situação, das experiências que você já viveu e das possibilidades no seu cenário atual, mas, geralmente, essas estratégias envolvem:
aprender técnicas de manejo da ansiedade;
desenvolver habilidades sociais, de comunicação e de competências;
enfrentar, gradualmente, as situações que são difíceis para você;
melhorar o seu relacionamento consigo mesmo(a) e com as pessoas ao seu redor;
resgatar atividades que já foram valorosas na sua vida;
aprender a aceitar aquilo que não é possível mudar;
redefinir o que atualmente é importante para você, de modo que você consiga tornar o seu cotidiano mais compatível com a sua forma de ser e (re)descobrir o prazer de viver leve; e
treinar o seu olhar sobre as situações para que você consiga continuar implementando as estratégias necessárias sozinho(a) no futuro.
3. Implementação
Ajudar você a enxergar como gradualmente implementar as estratégias do plano no dia a dia, fazendo ajustes conforme necessário. Afinal, enquanto você estiver passando pelo seu processo de mudança, podem surgir imprevistos, dificuldades não previstas e oportunidades a serem exploradas.
4. Manutenção
Ajudar você a enxergar como manter, no longo prazo, as mudanças positivas já conquistadas, se valendo do autoconhecimento adquirido e das habilidades desenvolvidas como ferramentas para enfrentar os futuros desafios da vida.
5. Alta
Ajudar você a enxergar quando encerrar a terapia para continuar de forma independente.
A metodologia por trás desses cinco pilares é fundamentada na Psicologia Comportamental, a qual abrange três componentes: Análise Funcional para enxergar e mudar a função dos comportamentos, Técnica de Exposição para reduzir a ansiedade, e Ativação Comportamental para melhorar a depressão.
CONCLUSÃO
Agora que você já sabe como a ansiedade excessiva e a depressão começam, quais são as similaridades entre elas, e como a terapia comportamental pode ajudar, você está em melhor posição para tentar romper o círculo vicioso que pode estar mantendo você ansioso(a) ou depressivo(a).
Se você sente que precisa de ajuda para lidar com sintomas de ansiedade ou sintomas de depressão, mesmo que esses sintomas sejam leves, considere conversar com um profissional da área. Você também pode entrar em contato comigo para marcar uma sessão inicial.
NOTA: Os textos deste blog têm caráter educativo e não têm a intenção de fornecer aconselhamentos clínicos. Caso você necessite de ajuda psiquiátrica ou psicológica, entre em contato com um profissional da área para obter orientações específicas para o seu caso.


