Quais são os 8 transtornos da depressão?
- Rafaela Sampaio Marques
- 29 de jan. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de fev. de 2024
Entenda a diferença entre os transtornos depressivos.

Todo mundo se sente pelo menos um pouco “para baixo” em situações frustrantes. Esse sentimento é natural e faz parte das lições dolorosas que assimilamos ao longo da vida para lidar com os próximos desafios que surgirão.
No entanto, se você tem convivido com um sentimento de tristeza, vazio ou irritabilidade; percebeu uma diminuição do prazer sentido nas atividades do dia a dia; e notou alterações na capacidade do seu corpo funcionar bem (mudanças no sono, no apetite, na disposição, na concentração etc); é possível que você esteja com algum transtorno depressivo e é recomendável que você busque tratamento para evitar que o quadro fique mais grave.
Existem 8 transtornos depressivos segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR), o principal guia de transtornos mentais no mundo, que foi atualizado em 2023.
Isso quer dizer que foi convencionado – ou seja, combinado entre os especialistas – que ter um conjunto específico de sintomas depressivos, por um certo tempo ou devido a uma determinada causa, seria chamado pelo nome de um desses 8 transtornos. No entanto, você não precisa se enquadrar perfeitamente em algum desses transtornos para afirmar que está deprimido(a).
OS 8 TRANSTORNOS DA DEPRESSÃO
Para se enquadrar em algum desses transtornos, é necessário haver sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou profissional. A diferença entre eles está na duração, no momento ou na causa dos sintomas de depressão.
1. Transtorno disruptivo da desregulação do humor (CID F34.81).
Irritabilidade persistente e episódios frequentes de descontrole comportamental extremo que ocorrem em crianças de até 12 anos de idade, as quais, na adolescência ou na fase adulta, tendem a desenvolver algum transtorno depressivo ou algum transtorno de ansiedade.
2. Transtorno depressivo maior (CID variável).
Humor deprimido ou perda de interesse nas atividades e quatro (ou mais) sintomas de depressão – aumento ou redução do apetite; aumento ou redução do sono; agitação ou retardo psicomotor; cansaço extremo; pensamentos sobre culpa ou inutilidade; dificuldade de se concentrar ou tomar decisões; e pensamentos recorrentes sobre a morte – por pelo menos duas semanas de duração. Embora possa surgir como episódio único, em geral tende a se manifestar em episódios recorrentes. Este é o transtorno clássico do grupo de transtornos depressivos.
3. Transtorno depressivo persistente (CID F34.1).
Humor deprimido e dois (ou mais) sintomas de depressão – aumento ou redução do apetite; aumento ou redução do sono; cansaço extremo; dificuldade de se concentrar ou tomar decisões; baixa autoestima; e sentimentos de desesperança – por pelo menos dois anos, durante os quais a pessoa em nenhuma ocasião esteve sem os sintomas por mais de dois meses. Esta é a forma mais crônica da depressão.
4. Transtorno disfórico pré-menstrual (CID F32.81).
Sintomas de depressão na maioria dos ciclos menstruais, iniciando em algum momento após a ovulação e terminando poucos dias após a menstruação. É necessário ter um (ou mais) dos sintomas principais: humor deprimido; irritabilidade; mudanças de humor; e ansiedade acentuada. Além disso, para atingir um total de cinco sintomas, é necessário complementar com um (ou mais) dos sintomas secundários: perda de interesse nas atividades; dificuldade de se concentrar; cansaço extremo; alterações no apetite ou avidez por alimentos específicos; aumento ou redução do sono; sentir-se sobrecarregada ou fora de controle; e sintomas físicos como sensibilidade ou inchaço com dor articular ou muscular. O tratamento deste transtorno é principalmente medicamentoso.
5. Transtorno depressivo induzido por substância/medicamento (CID variável).
Humor deprimido ou perda de interesse nas atividades devido à intoxicação ou à abstinência de substância/medicamento, como: álcool, fenciclidina, outros alucinógenos, inalantes, opioides, sedativos, ansiolíticos, anfetamina ou cocaína. O tratamento deste transtorno é principalmente medicamentoso.
6. Transtorno depressivo devido a outra condição médica (CID variável).
Humor deprimido ou perda de interesse nas atividades como consequência fisiológica de outra condição médica, como: hipotireoidismo; diabetes mellitus; insuficiência da glândula suprarrenal; hipercortisolismo; insuficiência da hipófise; disfunção das glândulas paratireoides; deficiência de ferro, vitamina B 12 e ácido fólico; insuficiência hepática; doenças cardiovasculares como depressão pós-AVC e depressão pós-infarto; câncer; doença de Parkinson; esclerose múltipla; sífilis; e epilepsia. O tratamento é principalmente medicamentoso.
7. Outro transtorno depressivo especificado (CID F32.89).
Sintomas de depressão que não preenchem os critérios dos seis primeiros transtornos depressivos. Esta classificação é usada quando há informações suficientes para comunicar a razão específica pela qual os critérios não são plenamente satisfeitos (p. ex., episódio depressivo de curta duração).
8. Transtorno depressivo não especificado (CID F32.A).
Sintomas de depressão que não preenchem os critérios dos seis primeiros transtornos depressivos. Esta classificação é usada quando não há informações suficientes para comunicar a razão específica pela qual os critérios não são plenamente satisfeitos (p. ex., em salas de emergência de hospitais).
CONCLUSÃO
É possível que você tenha se identificado com algum transtorno depressivo descrito aqui. Se isso tiver acontecido, saiba que o diagnóstico é feito por psiquiatras, psicólogos e outros profissionais da área, pois, para fechar esse diagnóstico, é necessário conhecer e descartar todos os demais transtornos do DSM-5-TR, uma vez que os sintomas de depressão também estão presentes em outros tipos de transtornos.
Se você sente que precisa de ajuda para lidar com sintomas de depressão, mesmo que eles sejam leves, considere conversar com um profissional da área. Você também pode entrar em contato comigo para marcar uma sessão inicial.
NOTA: Os textos deste blog têm caráter educativo e não têm a intenção de fornecer aconselhamentos clínicos. Caso você necessite de ajuda psiquiátrica ou psicológica, entre em contato com um profissional da área para obter orientações específicas para o seu caso.
REFERÊNCIAS:
American Psychiatric Association. (2023). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR (5ª edição). Porto Alegre: Artmed.
Tavares, D. F., & Moreno, R. A. (2023). Depressão e transtorno bipolar: a complexidade das doenças afetivas. Cotia: Vital.